A liberdade de imprensa sofreu um “declínio drástico” entre outubro de 2013 e outubro de 2014, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras. Guerras, grupos extremistas e não estatais, a censura e crises econômicas estavam entre as razões para essa queda, a organização informou em seu índice anual (site em inglês, espanhol e outros quatro idiomas).
O grupo com sede em Paris, conhecido pela sigla RSF, documentou 3.719 violações da liberdade de informação em 2014 – um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ele disse que dois terços dos países pesquisados “tiveram um desempenho inferior ao do ano anterior”.
O índice da RSF abrange 180 países e está alinhado com recentes relatórios do Comitê de Proteção aos Jornalistas que destacam o declínio global da liberdade de imprensa.
Dentre as descobertas da RSF estão:
- Os conflitos em curso no Oriente Médio e na Ucrânia criaram uma “guerra de informação temível”. Um resultado: funcionários das mídias de notícias são assassinados, capturados ou pressionados a veicular propaganda.
- Grupos extremistas como Daesh e Boko Haram, e organizações criminosas usam “o medo e represálias para silenciar jornalistas e blogueiros que se atrevem a investigar ou se recusam a agir como seus porta-vozes”.
- Existem áreas sem lei em partes do Norte da África e no Oriente Médio sob o controle de extremistas e outros grupos não estatais onde “a informação independente simplesmente não existe”.
- Em quase a metade de todo o mundo, leis que criminalizam a blasfêmia são utilizadas para minar a liberdade de informação, e extremistas religiosos têm como alvo jornalistas ou blogueiros por acreditarem serem insuficientemente respeitosos de seu deus ou profeta.
- Apesar de a Finlândia, a Holanda e a Noruega terem conseguido a classificação mais alta, o Continente Europeu em geral tem “sofrido uma queda no índice da liberdade de imprensa há anos” devido à interferência do governo na mídia noticiosa e ao declínio da transparência e da diversidade da propriedade dos veículos de comunicação.
- O Irã, a China e a Síria ficaram perto do final da lista; a Eritreia, a Coreia do Norte e o Turquemenistão tiveram a pior classificação.
A organização RSF baseia seu índice anual em uma pesquisa de 87 perguntas que envia para centenas de jornalistas, pesquisadores, advogados e ativistas de direitos humanos em todo o mundo. O estudo se centra na diversidade e independência da mídia, no ambiente de trabalho, nas preocupações com a autocensura, no sistema legal, na transparência institucional e na infraestrutura da mídia.